Foram
registrados 65 ataques a bancos e terminais de autoatendimento no Ceará
em 2013 segundo dados do Sindicato dos Bancários do Ceará. Em 28 dessas
ações, houve uso de explosivos. O alvo preferido são agências no
Interior - somente uma dessas explosões ocorreu em Fortaleza. O prejuízo
direto não é só dos bancos, que arcam com milhões de reais a
reconstrução dos prédios e instalação de equipamentos. O impacto é
violento também na vida de pessoas físicas e jurídicas.
Parte dos
clientes e consumidores de cidades que ficam sem agência opta por se
deslocar ao município mais próximo para fazer as transações,
principalmente, saques e depósitos. Isso causa a migração financeira, já
que muitos gastam o dinheiro onde sacam, para evitar os assaltos
corriqueiros.
O POVO
percorreu sete cidades no Interior do Estado que sofreram ataques a
bancos. Das que vivem o impacto direto da ausência do principal agente
financeiro da cidade, por vezes o único, foram visitadas Baturité,
Banabuiú e Morada Nova. Também estiveram na rota do O POVO Aracoiaba,
Acarape, Redenção e Quixadá. O recorte escolhido representa o que está
acontecendo em dezenas de municípios no Estado.
As
ocorrências criminosas incidem sobre agências do Banco do Brasil (BB),
Caixa Econômica Federal (CEF) e Bradesco. O BB de Morada Nova, por
exemplo, foi explodido em 17 de junho de 2013. Dois meses depois, foram
disponibilizados os caixa eletrônicos. O alívio maior é de comerciantes e
aposentados. Na cidade, foram desembolsados cerca de R$ 86 milhões para
beneficiários da Previdência Social em 2011, conforme o Anuário do
Ceará 2013.
“O
transtorno maior é a falta de atendimento. Há pessoas físicas mudando de
banco e pessoas jurídicas buscando atendimento na Unicred ou na Caixa”,
revelou fonte ligada ao banco que preferiu não se identificar. Ela
estima o retomada total das atividades da agência para 2014, com seus 24
funcionários.
Para
reconstruir uma agência bancária explodida, o Banco do Brasil chega a
gastar R$ 1 milhão, conforme havia revelado ao O POVO o superintendente
Estadual do BB, Eloi Medeiros Júnior. É o caso da agência de Morada
Nova, que está em obras.
IMÓVEIS
Há uma
tendência de desvalorização imobiliária de imóveis próximos a bancos no
Interior do Ceará. Isso se dá em função do medo de danos ao prédio e à
própria vida. Em Aracati, a explosão de um banco causou grandes
prejuízos a lojas nas proximidades da instituição financeira.
PEDREIRAS
Uma das
linhas de investigação da Polícia é de que os explosivos estão sendo
adquiridos em pedreiras, que é um negócio que utiliza as explosões para
extrair a matéria-prima para comercialização.
AGRICULTURA FAMILIAR
O impacto
chega à zona rural. Os agricultores familiares são os maiores
prejudicados. Toda a produção, distribuição, compra e venda de programas
do Governo Federal e do Governo do Estado passa por bancos.
LIMITES NO CAIXA
Os caixas de
bancos ficam com valores limitados nos caixas, exatamente para evitar
chamar a atenção de assaltantes. Ao passar de uma determinada quantia, o
tesoureiro da agência é acionado para retirar o excesso ao cofre da
agência. O POVO optou por não publicar o valor limite.
DINHEIRO QUEIMADO
Em geral, as
explosões aos bancos são direcionadas aos caixas eletrônicos ou ao
cofre da agência. Com a explosão, grande parte do dinheiro também é
queimado, conforme O POVO apurou com uma fonte ligada a área de
segurança de um banco.
UM BANCO SEM AGÊNCIA
Marta
Xavier, funcionária do Banco do Brasil, faz atendimentos básicos numa
agência improvisada, na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de
Baturité.
Andreh Jonathas enviado ao interior do Ceará para O POVO
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