A Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops)
registrou, apenas neste ano, 1.051.265 “chamadas falsas”, mais conhecidas como
trotes. Em média, foram recebidas 3.458 ligações desse tipo por dia, entre os
meses de janeiro e outubro. Em todos os casos, as ligações diziam respeito a
crimes que nunca existiram. A prática, além de criminosa, congestiona o sistema
de atendimento da unidade, responsável por receber denúncias de toda a Capital.
De acordo com o supervisor do Núcleo de Teleatendimento da
Ciops, major Victor Souza dos Santos, o volume de trotes corresponde a cerca de
20% do total de atendimentos feitos pela coordenadoria por ano. Até o mês
passado, a Ciops recebeu 5.878.611 ligações - a média diária foi de 19.337,54.
No mesmo período do ano passado, o número de trotes registrados foi de
1.378.114 ligações - 23,7% a mais.
Os trotes são destinados às polícias Civil e Militar e ao
Corpo de Bombeiros. “Isso nos preocupa porque, enquanto a viatura está numa
falsa ocorrência, deixa de atender o caso de alguém que está realmente
necessitando de socorro. A linha telefônica também fica ocupada enquanto
poderíamos estar recebendo uma ocorrência verídica”, lamentou o major.
Para o tenente-coronel Marinho Russo, coordenador da Ciops,
o prejuízo não é maior porque nem todos os trotes geram ocorrências, com envio
de viaturas. Na maioria dos casos, as atendentes perceberam que as chamadas
eram falsas e encerram as ligações. Ainda assim, neste ano, 5.631 ligações
culminaram com o envio de viaturas aos locais das possíveis ocorrências. No ano
passado, foram deslocadas viaturas em 5.110 ocasiões.
“A situação é preocupante. Trabalhamos diariamente para
tentar reduzir esses números. Existem casos em que o simples fato da atendente
dizer que sabe de onde a ligação está sendo feita já faz com que a pessoa
desligue”, avaliou Russo.
Conscientização
Conforme o major Victor Souza, a maioria das chamadas é
realizada por crianças e adolescentes e se origina de telefones públicos dentro
das escolas. Para evitar esse tipo de situação, a Ciops realiza campanhas de
conscientização. “Quando há alguma visita da Polícia Militar às escolas,
principalmente durante os aniversários da Ciops (22 de janeiro), costumamos
realizar palestras e campanhas educativas para inibir essa prática”, afirmou o
supervisor.
Entretanto, os trotes continuam ocorrendo. Alguns, por
motivos curiosos. “Tem pessoas que ligam simplesmente para verem a viatura
passando pela rua”, disse Victor Souza. Conforme o major, o problema causa
desconfiança nas ocorrências por parte dos policiais.
Saiba mais
A Ciops foi criada em 12 de agosto de 1998, pelo decreto nº
25.133, que a tornou parte integrante da estrutura da Secretaria da Segurança
Pública e Defesa da Social (SSPDS). O órgão foi inaugurado oficialmente em 22
de janeiro de 1999.
Atualmente, a coordenadoria atende todos municípios da
Região Metropolitana. O atendimento das chamadas é feito a partir de 28
posições de atendimento, que funcionam 24 horas por dia. Funcionários se
revezam na função, em quatro turnos de seis horas cada.
A Ciops atende pelo número 190.
O que diz a lei
O trote é considerado crime, segundo o Código Penal
Brasileiro.
Art. 340: “Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado”. Pena:
detenção, de um a seis meses, ou multa.
A repetição do trote também incorre em penalidade, conforme
o artigo 71: “Quando o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e,
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes,
devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”.
Fonte: O POVO
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